20/02/2009

Empossado novo Presidente do CEITEC


Com mais de 30 anos de experiência, Weichselbaumer atuou durante uma década em empresas do Vale do Silício, na Califórnia. Antes, trabalhou em companhias de ponta na Alemanha e na Inglaterra. Seu nome foi escolhido a partir de um comitê de busca que teve a participação de empresários brasileiros do setor de fabricação de produtos eletrônicos e de representantes do governo e da comunidade científica.

"Ele é um executivo que dialoga com empresas de alta tecnologia no mundo. Isso vai ser muito importante para o Ceitec", afiança o ministro da Ciência e Tecnologia, Sérgio Rezende. Weichselbaumer, que completa hoje 55 anos e é engenheiro elétrico com MBA pela Siemens Business School, de Berlim, foi escolhido entre 12 candidatos.

Nos últimos dois anos, atuou como consultor em San Jose, na Califórnia. Antes, entre 2003 e 2007, presidiu em Grenoble, na França, a Soisic, uma fabricante de semicondutores. Tendo sido casado com uma brasileira, com quem teve um filho, ele fala português fluentemente.

Ao empossar Weichselbaumer, o presidente Lula assinará decreto integralizando o capital social do Ceitec, de R$ 42 milhões. A estatal, que tem sede em Porto Alegre, já realiza duas das cinco etapas de produção de um circuito integrado - concepção e projeto.

Em julho, colocará em funcionamento a terceira etapa: a de fabricação ("front end", na linguagem do setor) de chips propriamente dita. As duas etapas restantes - encapsulamento e teste (o chamado "back end") e serviço ao cliente - ainda terão que ser feitas fora do país, onde existe tecnologia para isso.

A criação do Ceitec tem, segundo o ministro Sérgio Rezende, o objetivo de tirar o Brasil do atraso tecnológico no segmento de semicondutores, considerado "estratégico", dada a sua aplicação em todos os setores da atividade econômica, da indústria à agropecuária. "Trata-se de um setor que moderniza e agrega valor às cadeias produtivas", disse o ministro em entrevista ao Valor.

O esforço é para recuperar o tempo perdido. Nos anos 80, o país instituiu reserva de mercado que favoreceu a criação de várias empresas nacionais de microeletrônica, mas as condenou ao atraso e, em seguida, à obsolescência.

Na década seguinte, o Brasil foi relegado pela Intel na escolha da sede de sua fábrica de microprocessadores - o país escolhido foi a Costa Rica. Na opinião do ministro Sérgio Rezende, o país perdeu o bonde das "commodities" do setor eletrônico, mas ainda pode brigar no mercado de produção de chips para atender a demandas específicas.

"O Brasil ainda não perdeu o bonde da microeletrônica", sustenta Rezende, lembrando que o país é hoje um grande mercado de produtos eletrônicos - em 2007, a indústria brasileira do setor faturou, segundo a Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), R$ 111,7 bilhões.

Fortemente dependente de produtos importados, o setor vem pressionando de forma crescente e negativa a balança comercial brasileira. Entre janeiro e outubro de 2008, gerou déficit comercial de US$ 19,4 bilhões, face a US$ 12 bilhões no mesmo período do ano anterior.

Em 2007, apenas o segmento de semicondutores contribuiu com US$ 3,45 bilhões para o déficit da balança comercial. O governo acredita que a criação do Ceitec poderá atrair investimentos estrangeiros na área de microeletrônica, uma vez que a companhia criará demanda em fases da produção de circuitos integrados não realizadas no Brasil.

"O Ceitec é uma empresa pequena, com um orçamento anual de apenas R$ 40 milhões, mas esperamos que ela seja catalisadora do setor porque o nosso mercado é grande", disse o ministro.

Segundo Sérgio Rezende, pelo menos uma companhia estrangeira - a coreana Hynix - já estaria interessada em atuar no país, atraída pela inauguração do Ceitec. A empresa estaria negociando uma parceria com a brasileira Altus, que atua no segmento de automação industrial. A intenção é investir nas fases de corte e encapsulamento do chip, atividades que o Ceitec não realizará. "O Ceitec vai fabricar pastilhas de circuito integrado", explicou o ministro, acrescentando que a primeira deverá ficar pronta em dezembro.

O primeiro chip idealizado pelo Ceitec foi projetado para rastrear rebanho bovino. O chip está sendo implantado em 10 mil cabeças de gado no Rio Grande do Sul e no Mato Grosso. O objetivo é identificar cada animal, desde o nascimento até o abate, permitindo o monitoramento das características genéticas, zootécnicas e sanitárias dos animais.

A rastreabilidade eletrônica, se for bem-sucedida, preencherá uma lacuna na produção brasileira de carne, questionada nos países ricos devido à suposta falta de controle dos rebanhos.

Além de Eduard Weichselbaumer, outros estrangeiros também trabalharão no Ceitec devido à carência de profissionais do país nessa área. O Ministério da Ciência e Tecnologia estima que o Brasil possui apenas 400 projetistas de circuitos integrados. A meta é formar 1,5 mil até 2010.

Enquanto isso não acontece, o Ceitec recrutará pessoal no exterior. Para dar agilidade às contratações, o ministro Sérgio Rezende está negociando com o Ministério do Trabalho e o Itamaraty a redução, de 180 dias para duas semanas, do prazo para obtenção de vistos de trabalho por estrangeiros.

Hoje, o presidente Lula nomeará, para o cargo de diretor da nova estatal, Faivel Schraiband Pintchovski, que nasceu no Brasil, mas se tornou cidadão americano anos depois quando foi trabalhar no setor de tecnologia nos Estados Unidos. Para facilitar a sua vida no Brasil, Faivel optou por naturalizar-se brasileiro novamente.

Fonte: Jornal da Ciência

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