Prof. João Antônio Zuffo recebe o prêmio Padre Roberto Landell de Moura 2009
O Prof. Dr. João Antônio Zuffo é professor titular da Universidade de São Paulo. Tem grande experiência na área de Engenharia Elétrica, com ênfase em Circuitos Elétricos, Magnéticos e Eletrônicos. Os seus primeiros artigos foram publicados em 1962 em revistas técnicas nacionais, ainda na qualidade de aluno de graduação do quarto ano de engenharia eletrônica, quando suas publicações resultaram de desenvolvimentos e montagens num laboratório caseiro.
Formado no final de 1963, desenvolveu trabalhos de pesquisas tecnológicas na qualidade de bolsista da FAPESP numa empresa privada, a BRASELE S.A., onde contribuiu para o desenvolvimento de uma linha de instrumentação transistorizada para aplicação em energia nuclear. Desenvolveu também fontes de alimentação e sistemas de áudio transistorizados.
Em março de 1966 transferiu-se para a EPUSP envolvendo-se no trabalho de doutoramento concluído no final de 1968. Nesse trabalho estudou transitórios em transistores bipolares operando no regime de avalanche de coletor. Em 1969 e 1970 foi um dos fundadores do Laboratório de Microeletrônica da EPUSP tendo participado ativamente de sua montagem. Em abril 1971 projetou e construiu o primeiro circuito integrado da América do Sul. Paralelamente a estas atividades desenvolveu nessa época um intenso trabalho de orientação científica, ministrando concomitantemente vários cursos de pós-graduação. Já nessa época, convencido de que tecnologia é uma forma de cultura, começou a propugnar a fixação de uma cultura nacional em tecnologia na área de eletrônica, esforçando-se na publicação de livros e na criação de uma terminologia técnica em português. Desde 1972, quando começou a escrever livros e apostilas, já publicou 16 livros.
Desde o início, sua linha de pesquisas seguiu dois rumos, talvez por ter horror em aceitar caixas pretas. No sentido dos semicondutores estudou física do estado sólido e tecnologias de processos e projetos de circuitos integrados. No setor de circuitos eletrônicos aprofundou-se no estudo de circuitos digitais até atingir sistemas digitais complexos, incluindo sistemas de processamento em alto desempenho e computação gráfica.
Em sua tese de Livre-Docência em 1974, prevendo a enorme evolução da microeletrônica com a integração de sistemas complexos em uma única pastilha de silício, propôs nova concepção de sistemas digitais desenvolvendo algumas idéias de hardware que hoje são utilizadas em máquinas de maior porte.
Após ter trabalhado algum tempo no desenvolvimento de sistemas telefônicos digitais de comutação temporal, no final de 1975 fundou o Laboratório de Sistemas Integráveis (LSI), cuja idéia era - e continua sendo – congregar equipes de projetos de sistemas digitais, de projeto de circuitos integrados, e de processos de microeletrônica de modo a permitir o projeto de circuitos integrados extremamente complexos. A idéia básica foi trabalhar na Integração de Sistemas de Informação Complexos levando esta integração até o nível de pastilhas de silício.
A partir do início de 1976, participou também ativamente da formulação política nacional de informática com ênfase em microeletrônica. Nesse período publicou numerosos trabalhos, nos quais discutiu filosofias para o desenvolvimento científico e tecnológico, tendo também contribuído com trabalhos científicos e de formulação tecnológica em diversos congressos, simpósios e reuniões.
Em 1978 prestou concurso para professor adjunto, tendo sido aprovado em primeiro lugar. Em 1982 prestou concurso para o cargo de professor titular, cargo que ocupa até hoje. Em 1986 foi eleito presidente da Sociedade Brasileira de Microeletrônica, cargo que ocupou até julho de 1988. Em julho de 1991 foi eleito para o Conselho desta sociedade e em maio de 1992 foi reeleito presidente da Sociedade Brasileira de Microeletrônica, novamente por um período de dois anos.
Desde a fundação do LSI em 1976 ocupou o cargo de Coordenador Geral, tendo sempre presente a preocupação de criar um ambiente cultural tecnocientífico na área de informática. Seus esforços permitiram que o LSI hoje tenha uma capacitação tecnológica ímpar em termos de América Latina e mesmo em termos mundiais. No LSI coordenou cerca de 100 diferentes projetos de pesquisa sendo alguns de porte bastante elevado. Em termos acadêmicos, além dos diversos livros publicados, tem também publicado cerca de 260 artigos científicos em periódicos nacionais e estrangeiros e formou mais de 60 alunos de mestrado e doutorado.
Dentre os prêmios recebidos destacam-se: Menção Honrosa do Prêmio Roberto Simonsen de Tecnologia, março 1979, Prêmio Roberto Simonsen de Tecnologia 1980, Prêmio Personalidade de Tecnologia 1991, área de informática, Sindicato dos Engenheiros do Estado de São Paulo. Membro no grau de Grã-Cruz da Ordem do Mérito Científico. Medalha e Honrarias concedidas pelo Digníssimo Presidente da República Federal do Brasil, Presidente Fernando Henrique Cardoso, abril 1998. Em 2000 foi agraciado com a Medalha Millenium concedida pelo Institute of Electrical Electronics Engineers; IEEE. Em 2001 foi condecorado com a medalha “Amigo da Marinha do Brasil”. Em 2006, recebeu Comenda de Grau Máximo da ABEE-SP: Jubileu de Ouro, Colar Tributo ao Engenheiro José Aflalo Filho, ABEE-SP (Associação Brasileira dos Engenheiros Eletricistas Seção São Paulo) e foi eleito Professor do Ano de 2006, AEP Associação dos Engenheiros Politécnicos.